sábado, 3 de outubro de 2009

Silêncios



    O homem saiu do quarto suado, apenas com a calça do pijama e encostou a porta sem fazer ruído. Antes que se virasse o golpe atingiu-o na nuca e o corpo caiu no chão, o cabelo loiro quase marfim agora manchado de vermelho. O assassino contemplou sua face com nojo.
    Tocou a porta e ela se abriu. Estendeu sua mão. Lá dentro a menina de no máximo 14 anos  –  loira e angelical – encolhida sob a cama ainda chorava. Ela viu a faca com sangue e pensou em seu pai, sua mãe e seus irmãos, todos silenciosos. Agarrou então sua mão e ele a levou consigo para longe daquele pesadelo.
    Nunca mais pensou em seu pai, sua mãe ou seus irmãos, todos silenciosos.
    Todos cúmplices do seu acobertado inferno.
    Para sua benção, todos mortos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário