segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

[...]

    Seu estômago parecia feito de gelatinha!... Suas pernas tremiam!... Sua cabeça girava!... O ar lhe faltava!... O mundo tremia!...
    E o pior é que nem era amor, era indigestão mesmo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

imbecil

imbecil
    adj. 2 gén.
    Fraco de corpo e de espírito; parvo; que manifesta imbecilidade.



        Sabe... Eu sempre gostei dessa palavra.

[...]

"Tão perto e ao mesmo tempo... Tão longe"

...Um perfeito idiota!

    Ela achava que ele era um idiota. Um perfeito idiota. Um COMPLETO idiota. Um calhorda. Um imbecil. Um... Um... Uma... Uma BESTA!
    Mas também achava...
    Que idiota maior ainda era ela mesma, porque mesmo sabendo de tudo isso... Ainda não podia evitar de chorar... Por ele; e de virar as noites pensando... 
    Nele.

[...]

    E ainda tinha a coragem de mentir pra mim, a vagabunda.
    Mas mentia tão bem e ainda por cima com aquele jeitinho... De menina que sem querer virou mulher...
    Que eu até me esforçava pra acreditar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

[...]

É quando você acha que já sabe tudo que a vida vem te mostrar que você não sabe é NADA.

[...]

    Sabe, é a sensação de impotência que te mata.
    É a sensação de que está escapando por entre seus dedos e não se pode fazer nada o que acaba com você. Meu Deus e como acaba.

Mas os olhos...

    Sua boca me dizia sim mas os olhos...
    Estes me diziam não. E divido entre o desejo e o sentimento eu não sabia bem o que fazer.

[...]

...É que com o tempo você perde a paciência e a educação.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

...Como Harry contemplando o espelho.


    Alguém lembra do primeiro volume de Harry Potter (Harry Potter e a Pedra Filosofal)? Aquela parte em que Harry encontra o Espelho de Ojesed, que tem o poder de mostrar aquilo que mais queremos até nossos desejos mais profundos que as vezes até desconhecemos e que no entanto apenas nós podemos ver; se outra pessoa estiver na mesma hora em frente ao espelho verá refletido apenas os seus desejos, jamais o nosso...
    Bom, então, as vezes eu me sinto como Harry pequenino, com onze aninhos e de pijaminha, que ao descobrir o espelho toma um enorme susto quando vê nele refletida toda sua falecida família que jamais conheceu bem atrás de si. A partir daí ele sai da cama todas as noites para virar as madrugadas contemplando o enigmático espelho e as imagens que nele vê refletidas.
    Todas aquelas pessoas, a maioria de olhos tão verdes quanto os dele, se parecem tanto com o próprio Harry! Elas sorriem e acenam para ele. Seus pais estão bem atrás dele e quando seu pai põem as mãos em seus ombros ele praticamente pode sentir mas quando se vira eufórico é a parede de pedra da sala o que ele vê. Então de noite ele vai até lá, noite após noite, todas as noites.
    Bem, me sinto como Harry contemplando o espelho. Tudo o que ele mais quer está alí, ao alcance de sua mão... Porém é apenas um espelho e suas imagens não passam de uma ilusão.

[...]

Porque se alguém te trata como um cachorro e te "chuta" pra longe, você não vai voltar abanando o rabinho, vai?

[...]

Tudo muda e certas coisas nunca mudam.

[...]

Não é isso que irrita. É que as vezes parece que alguém só te escuta depois que você tem um ataque de nervos

domingo, 6 de dezembro de 2009

Porque não era real...

    No meio da noite a jovem chorava como uma criança de colo...
    - Calma meu anjo, foi só um pesadelo...
    - Foi HORRÍVEL, mãe!!! Foi um sonho maravilhoso!!!
    - Hã?
    - Foi um dos piores sonhos da minha vida!!! Eu sonhei que tinha aquilo que mais queria e... !
    - E por que isso era um pesadelo?
    - Porque eu acordei e vi que não era real, mãe. Que jamais seria real.

"Quando minha esposa morreu, eu estava com ela..."

    Quando minha esposa morreu de câncer, eu estava com ela no quarto.
    Eu estava sentado ao seu lado com um rosário na mão, rezando e chorando. E ela não parava de olhar em volta, de um lado para o outro. Não olhou para mim uma única vez.
    Até que ela se foi.
    Os enfermeiros vieram e levaram o corpo.
    E até hoje eu lembro nitidamente o dia de sua morte. O jeito como ela olhava fixamente para todos ao seu redor...
    Mesmo estando sozinhos no quarto.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

...Seu cabelo era loiro e sedoso e seu sorriso brilhava. Perfeito.

    O ar gelado da noite ajudava a pensar e pensar era tudo que Susana queria fazer naquele momento. Sentada de frente para a sacada de seu apartamento, observando a vista, com um chambre e uma taça de vinho na mão, ela tinha uma decisão a tomar.
    Fechou os olhos e uma lembrança lhe ocorreu. Ela tinha 14 anos e era sua primeira vez. Esrava com medo - muito medo- não sabia direito o que esperar e ela o amava; Meu Deus e como amava! Um minuto sem ele era uma tortura. Seu desejo não era bem por sexo - isso era mais "curiosidade" - seu desejo era por ele. E se o que ele queria era sexo então Susana queria sexo. Por que não? Ele era um pouco mais velho e muito mais experiente; ela se sentia segura e protegida ao seu lado. E ele ainda lhe sussurrava que não a machucaria... Que não precisava ter medo... Que tudo o que tinha que fazer era relaxar... Que...
    Susana riu.
    Era bom lembrar da jovem que um dia fora mas essa lembrança (outras também, mas essa em especial) a fizeram pensar, e muito...
    Pensar que ela nunca vivera realmente para ela. Nunca fizera suas escolhas pensando nela. Carreira, trabalho, casamento, marido, filhos... Nunca ela realmente. Casara cedo, 17 anos; agora, com três filhos - um estudando no exterior e outros dois que também já não moravam mais com ela - e três ex-maridos - dois divórcios ao descobrir as amantes que podiam ter a idade de sua filha e um que morrera de infarto; tinha quase 60 anos e ela já não se importava com garotinhas mesmo -, ela pensava...
    Nunca fizera as viagens que queria. Nunca aprendera a surfar nem dançar tango. Nunca tivera uma noite com um desconhecido. Nunca bebera "até cair". Jamais deixara o trabalho mais cedo sem motivo algum, apenas porque era sexta e o dia estava lindo mesmo. Nunca esquiara. Não fizera uma tatuagem...
    Hoje com 46 anos, já sem crianças dentro de casa, sem casamentos para sustentar, sem esposos, com um emprego estável, fazendo aquilo que queria fazer, com uma espaçosa casa, um corpo que ainda fazia parar algum homem na rua, com uma bela taça de vinho e uma vista perfeita, ela se perguntava...
    Por que se anulara tanto?
    Por que levara tanto tempo para ver isso? Por que abraçara por tanto tempo mais seu trabalho do que seu marido ou seus filhos? Ou melhor, por que abraçara mais do que fora abraçada? Por que nunca dissera "eu quero" antes? Meu Deus! POR QUE nunca parara para pensar no que ela queria?!
    Bom, foi fazendo a si mesma perguntas assim que ela tomara sua decisão...
    A campainha tocou e ela foi atender.
    - Oi, meu nome é...
    - Marcos.
    - Sim, isso mesmo. E você é Susana.
    Seu cabelo era loiro e sedoso, seu sorriso brilhava. Perfeito.
    Fez sinal para que entrasse, fechou a porta suavemente e lhe estendeu uma taça.
    - Já trabalhou com nossa agencia antes?
    - Não.
    - Hm... - ele correu os olhos pelo aposento - Belo apartamento. Então, Susana, em que você tr...
    - Sabe, não precisamos conversar - disse e tirou a taça de sua mão delicadamente.
    Ele a encarou por meio segundo antes de envolver sua cintura.   
    - Você prefere no quarto ou aqui na sala?
    Com uma boca jovem em seu pescoço ela pensava... É, devia ter dito DANE-SE amigos, família, carreira e aparências há muuuito tempo mesmo...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

[...] - É demais para qualquer um, imagine para...

[...]

    - É demais para qualquer um, imagine para ela!
    Nesse momento tive vontade de lhe dar um soco. Imaginá-la daquele jeito, pequena e indefesa... Ela já não era mais a garotinha que conhecêramos; era uma assassina! Ou talvez ela ainda fosse, mas isso não importava mais... Agora ela era uma assassina fria e cruel e era para dar um fim nisso que estávamos aqui! Diziam que ela matava rindo, praticamente gargalhando; e era por isso que vieramos! Era por isso que estavamos sendo pagos.
    Eu até tentei argumentar para que Shipou ficasse, não fosse conosco... Tentei dizer que já era difícil para todos nós e que seria pior para ele; Que seria perigoso não só para o sucesso da missão, mas também para a segurança de todos nós. Quando ele soube de minhas tentativas até deixou de falar comigo por um tempo, chamou-me de louco; mas agora vejo que até ele sente a tensão. Sente (e sabe muito bem) que talvez tivesse sido melhor não vir. Mas conhecendo-o, sei que ele viria de qualquer jeito, então melhor que seja em nossa companhia e sob nossos olhos.
    Levantei a cabeça e fitei ao longe, o cheiro marinho clareando minha cabeça e afastando os maus pensamentos. A fina neblina do começo de manhã era leve e agradável e ajudava a concentrar. Fitei a proa do navio me concentrando no barulho das ondas... Voltei os olhos para o nosso círculo e vi que Nianco me encarava; pelo olhar dela, compartilhávamos os mesmos pensamentos.
    Fechei os olhos, respirei fundo e tentei voltar ao transe. Melhor meditar enquanto ainda se podia...
    Então eu estava parado na ponta da proa e a brisa marinha trazia consigo um cheiro a mais. Um cheiro doce... O cheiro da Dama da Noite em pelna alvorada. O vento assolou o casco do navio com mais força e de repente trouxe também consigo uma gélida risada.
    Abri os olhos com o coração disparado.
    Olhei em volta e vi que Shipou, Nianco e os demais ainda 'dormiam'. Decidi andar um pouco, não conseguiria mais me concentrar para meditar. Levantei, amarrei o cinto com a katana em meu quadril e fui andar pelo convés; minha respiração formando pequenas baforadas de vapor. Fui andando imerso em pensamentos. Pensando em como faria se caso nos separássemos (e isso era mais provável do que os outros imaginavam); que decisão tomaria a respeito de Shipou quando a hora chegasse; O que Sempai faria à nosso respeito quando chegasse a hora; Como os demais reagiriam? Será que estavam prontos? Será que tinham os mesmos temores que eu? E o mais importante de tudo... Como será que eu agiria? Será que conseguiria fazê-lo quando a visse? E se ela... E se encarasse aqueles olhos novamente e eles me fizessem esquecer todo o resto?
    Quando dei por mim estava parado na ponta da embarcação me debruçando sobre a amurada. Fechei os olhos fazendo uma pequena prece, a brisa soprou o cheiro doce em minha direção e os fechei com mais força, sem sentir a necessidade abri-los para saber.
    Ela sabia que estávamos chegando, é claro. A hora era agora. Tudo se decidiria. Não precisaríamos esperar pela batalha; ela já estava aqui. Era só uma questão de tempo até que decidisse começar.
    Começar...
    Que ironia.
    O começo do fim.
    Mas então eu a veria de novo, uma última vez.
    Kunoichi.
    Minha kunoichi.

                                                                                         Continua.


*Sempai (ou Senpai): veterano, sênior, o mais velho, o mais antigo; palavra japonesa usada para indicar respeito ou admiração por alguém mais velho e/ou mais experiente.
*Kunoichi: Kunoichi é uma ninja do sexo feminino. Além das habilidades tradicionais de um ninja, as Kunoichi recebiam um treinamento na arte da sedução. Eram muitas vezes vistas como a arma mais letal de um exército, por serem tão mortíferas e no entanto não 'apresentarem' ameaça alguma.

... É, ela não era melhor do que nenhuma das cortesãs

    Durante anos sonhara com esse momento. Mas agora depois de consumado ela não era melhor do que qualquer uma das cortesãs que conhecera nas tabernas.
    Levantou da cama e pegou o punhal na gaveta. Virou-se e viu uma confusão de cachos e lençóis que agora abraçava o travesseiro e no seu tenro e sereno sono, sorria. Aproximou-se suavemente e se inclinou para beijar de leve o ombro nú. Ela soltou um gemido em meio as suas risadinhas doces. Quando rindo ela se virou para abraçá-lo, os lábios dele sussurraram em seu ouvido - Obrigado - E antes que a boca dela alcançasse sõfrega e quente a dele a mão firme a cobriu e a lâmina afiada rasgou a pele alva como se nada fosse.
    É, ela não era melhor do que nenhuma das cortesãs.

[...]


    Um grande passo para ela; Uma pequena transa para ele.

[...]

Era o tipo de garota feia que não se importava em ser horrível.

[...]


    Louca e desalmada, era assim que ele a via.

[...]

Não era isso que machuva; Era ver que havia outra em seu lugar que ela não suportava.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Queria...

    Queria que o tempo parasse...
    Queria ter uma penseira bem grande pra poder mergulhar nela e rever tudo que já fiz, tudo que já não fiz, tudo que já ganhei, tudo que já perdi... (Queria também que isso não me fizesse chorar)
    Queria entender a dor... Não minha (já desisti de tal proeza), mas dos outros; principalmente daqueles que afeiçoo...
    Queria entender (apenas entender, não sentir) a dor de perder, por exemplo, um pai...
    Queria ainda, que se perdesse o meu pai, pudesse dizer "por todos os momentos inesquecíveis que passamos juntos..."
    Queria mais...
    Mais o que esperar... Mais o que anciar... Mais da vida... Mais da morte... Mais da tristeza, mais da alegria, mais do coração
    Queria poder menos...
    Poder amar menos, poder odiar menos... Poder temer menos, poder pecar menos pelo "excesso"... Poder rir menos amargamente... Poder sorrir menos abertamente... Poder "extravasar" menos discretamente...
    Poder ser apenas eu... Menos abertamente
    Queria... Queria muito...
    Queria tudo aquilo que mais quero...
    Mas também...
    Não queria aquilo que (no fundo) sei que realmente quero
    Acho que queria querer menos...
    Sem no entanto desejar de menos... Anciar de menos... Esperar de menos...
    E principalmente...
    Sonhar de menos

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

?!


    - Mas por quê?
    - Por que o que?
    - O...
    - Ah, sim. Sei.
    - Tá, então... ?
    - Então o que?
    - Então! Sabe, o...
    - Ah, sim! É, não sei.
    - COMO não sabe?!
    - Não sei! Eu... 
    - Você o que?
    - É que... Ah, esquece.
    - Não, agora fala.
    - Sobre aquela coisa.
    - Que coisa?
    - Aquele meu problema...
    - Que problema?
    - AQUELE! Você sabe, aquele problema...
    - Ah! Sim, sim... Não, sem problemas.
    - É...
    - Tá, mas e aí?
    - Como?
    - Aff! Tá! Você sabe! O...
    - Ah! Sim, mas...
    - Vai dizer que você já...
    - O que? NÃO! Nem pensar.
    - Ah, tá. Ok, tudo bem então.
    - É...
    - Tá, mas afinal, você já... ! Ou não?
    - Heim?
    - Esquece!!!
    - Olha... O que que era mesmo?
    - Esquece.

    - Eu falei com ele...
    - Hã?!
    - Eu falei com ele!
    - Ah! Tá...
    - Não quer saber?
    - Quê?
    - O ASSUNTO! Não quer saber como foi?!
    - Shhh! Fala baixo! O professor!
    - Tá, desculpa... Mas quer saber ou não?
    - Tá bom, fala.
    - Então, nós conversamos...
    - ...
    - ...
    - Continua!
    - Mas você parece que não quer ouvir!
    - Agora quero! Conta!!!
    *Shhh!
    - Viu?! Fala mais baixo e conta logo!
    - Bom, eu cheguei perguntando do assunto, aí...
    - Como?
    - Hã?
    - "Como"!
    - "Como" o que?
    - Como assim?!
    - Como assim o que?
    - "Como" você começou a perguntar!
    - Ah... Eu perguntei porque.
    - E ele?
    - Bom, ele não sabe bem...
    - Tá, mas ele... ?
    - Não tenho certeza.
    - Mas vocês não conversaram?!
    - Sim! Mas ele não disse.
    - Como você fala com ele e não pergunta?!
    - Eu perguntei!
    - Ele não respondeu?
    - É... Mais ou menos.
    - "Respondeu ou não"!
    - MAIS OU MENOS!!!
    - Shhh! Silêncio aí atrás.
    - Viu só?! Não grita! Explica isso logo!
    - É que... Eu acho que ele não entendeu.
    - Não entendeu o que? Então quer dizer que ele não... ?!
    - Não! Ele n...
    - O QUE?! Então ele... (!) MESMO?! Ai meu deus!!!
    - Não! Ele não entendeu A PERGUNTA!
    - Ah. Mas você perguntou OU NÃO?
    - Olha...
    - Quer dizer... Vocês falaram sobre TUDO, certo?
    - Mais ou menos...
    - COMO "MAIS OU MENOS"?!?!?!
    - Vocês duas aí, já terminaram o trabalho?
    - (Olha, quer saber? Deixa pra lá)

As vezes....


As vezes eu queria morrer só pra não ter mais que ver...

    E Ah... Seria tão bom se longe dos olhos fosse realmente bem longe do coração...
    Mas nem faria taaanta diferença assim... Até mesmo porque, você pode até conseguir deixar longe dos olhos, quero ver é você tirar da sua cabeça! E alguns até conseguem (pouquíssimos sem maiores esforços ou sacrifícios)... Mas o que ninguém (ninguém MESMO) consegue, é tirar do coração. (E que ninguém me venha tentar mentir! Uma vez lá dentro... É impossível tirar)
    Corações não deviam ser representados na forma que realmente lembra um "ésse dois", e sim na forma de um capetinha, que é o que eles realmente são!
    Corações pegam lembranças e se fecham à sete chaves com elas até para nós mesmos. Mas e aí, o que fazer? Não é como um vizinho barulhento que você bate na porta e pede para ele abaixar o som que amanhã cedo você trabalha e tal... Não, a política da boa vizinhança não funciona com capetinhas corações. Negociações também improvavelmente dão resultados. Mas o que se passa dentro dele? O que ele faz com tais lembranças? Se deleita-se, se chora, se ri, se faz trabalhos em encruzilhadas, se espuma de raiva... Ninguém sabe ao certo. Você só sabe quando sente... Aquela pontadinha de dor, aquela coisa que do nada te vem à mente, que mesmo depois de milenios ainda é engraçada (ou que agora virou engraçada), aquele ar de ironia que invade seu humor, aquele ódio tremendo quando você lembra de algo e viu que na hora podia ter dito mil coisas (!!!) mas que não disse nada... Enfim, você só tem uma vaga ideia quando sente.
    E que triste é quando isso te faz chorar. Mas não um acesso de choro, não! É quando isso te faz chorar de dor. De dor mesmo! Quando o choro não é desesperado nem estridente como o de uma criança, pelo contrário! É aquele choro baixinho... Que vem e acaba com você; é quando a dor é tanta que você não tem forças pra mais nada (nem mesmo chorar ou sair correndo pra qualquer lugar, bem longe desse bendito coração)... Mulheres mais do que ninguém sabem o que é isso. (E que seja apedrejada em praça pública a mentirosa que depois de uma vida inteira, vir dizer que nunca chorou por uma lembrança... Que nunca chorou sem ter emoção alguma, mas apenas porque... Porque doía, mesmo!)
    Eu volto e leio mil vezes as coisas que já escrevi (as lembrei no segundo seguinte e tive tempo de escrever e mesmo de salvar, pelo ao menos) e entre milhares, um pensamento me vem à mente... Que bom seria também, se o tempo realmente curasse e/ou pudesse apagar ou pelo ao menos amenizar o sentimento que está aqui agora; e não apenas nos fizesse acostumar com o mesmo, dando a impressão de que "dói" menos...
    Sim, que bom seria. Mas "tudo muda e certas coisas nunca mudam". Porém NÓS mudamos... Descobrimos novas ideias, novos ideais, novos pontos de vista, novas maneiras de ser e estar... O mundo muda o tempo todo e nós, querendo ou não, mudamos com ele. Por mais mínima que seja, uma coisa qualquer muda você. Você muda até (e como muda) seus pensamentos!
    Mas e o seu coração?
    Bom, eu sou da opinião que... Bem, que... Que não faço a mínima ideia, pra falar a verdade; mas que como tudo e todos, eu também posso mudar e um dia acabar descobrindo. (E que seja breve esse dia, Deus)
    Talvez eu acabe apagando esse post até porque ele não tem nada ha ver com os textos que eu idealizei pôr nesse blog... Ou quem sabe o deixe aqui mesmo, pra um dia também relê-lo e ver como mudei... E lembrar como nesse dia, detestava esse sádico sarcástico coração...
    Que pode ainda nem ser aquilo que penso que seja... Talvez até queira me ajudar tentando me mostrar um caminho e eu, cheia de emoções, crenças, medos, autoconfianças e teimosia, não consigo enxergar...
    Bem...
    Mas talvez.
    SÓ talvez.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ela me disse:

Então ela me disse: Eu vou!
E eu disse: Não, você não vai.
E ela disse: Eu vou sim!
E eu disse: Então vai.
Virei as costas e dei adeus.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Cultuando a "Beleza"

    Ser considerado belo dentro de um padrão quase inatingível deixou de ser apenas uma "dádiva" de alguns artistas e algo irrelevante para se atingir a felicidade; passou a ser uma regra.
    Homens devem ser altos, atléticos e com uma musculatura muitíssimo bem definida! Mulheres também, devem ser altas, com corpos tão esquálidos como se tivessem passado anos em campos de concentração ou então com seios dignos de uma holandesa premiada e músculos e formas que ao contrário do que diziam as antigas canções, parecem ter sido dadas pelo próprio demônio!
    O que nós, pessoas "normais", fazemos nesse mundo sem lugar para nada menos que a perfeição? Garotinhas são aliciadas (isso mesmo, aliciadas!) a prezarem sua aparência acima de tudo e a terem um infarto se saírem de casa e algo desarrumar seus cabelos. É, as mais atingidas são, como sempre, as mulheres! Antigamente no "nosso tempo" quando a moda mudava mudávamos de cabelo, de roupa, de sapatos... Hoje em dia muda-se de peito, de nariz, de bunda...
    O que aconteceram com as velhas canções exaltando as divas femininas com "seus corpos de violão esculpidos por Deus"? Com certeza ainda tocam na casa de alguma senhora que nem deve conseguir piscar ou sorrir direito de tanto ter sido "esticada" para manter o mesmo rosto que tinha há trinta anos.
    É, hoje em dia beleza pode deve ser tudo, menos saúde.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"[...] Abriu os olhos e o que via era luz... "

    Confusão. Dor. Uma luz forte em seus olhos. Pessoas à sua volta andando, falando, correndo, gritando. Quando a luz já escurecia; quando a dor não podia aumentar mais; quando a confusão em seus ouvidos não podia ser maior; ela o viu. Alguém segurava seu anjo coberto de sangue ao seu lado. Seu bebê. Sua vida! Mas a escuridão era cada vez maior e algo estava muito errado, ele não chorava! Não!!! Estavam levando seu bebê e a escuridão aumentava, lhe afundava. Sentiu um choque lhe percorrer todo o corpo; mas a escuridão era mais forte e desistiu.
    Abriu os olhos e o que via era luz. Não sentia mais nada; era aconchegante ao seu redor. Seu pequeno anjo estava em seus braços, e agora ele sorria.

domingo, 4 de outubro de 2009

As mil portas





Pediu dispensa do trabalho. Queria chegar mais cedo aquele dia.
Mais tarde um corpo foi encontrado no saguão.
Para infelicidade do amante a casa tinha mil portas;
Mas nenhuma janela.

O cheiro do café



    Abriu a porta!
    O cheiro do café o transportou para aquele tempo em que não haviam brigas, traições, mentiras ou segredos. A imagem dela sorridente junto à pia, sem nem desconfiar que ele sabia, linda e jovem como sempre, fez seus olhos umidecerem. Como ou quando foi que tudo aquilo começou?
    Não importava. Era tarde demais.
    - Eu te amo - disse.
    Mirou e atirou.

    O corpo do homem de quase 50 anos cambaleou pela varanda até cair no jardim.
    Manchando as flores de vermelho.

Lilases ao Sol

Queria que o sol  lhe aquecesse por dentro.
Queria dormir sentindo o perfume das flores.
Nua deitou ao lado dos lilases no jardim.
Abriu as pernas esperando o sol entrar.
Só esqueceu das abelhas.

sábado, 3 de outubro de 2009

Silêncios



    O homem saiu do quarto suado, apenas com a calça do pijama e encostou a porta sem fazer ruído. Antes que se virasse o golpe atingiu-o na nuca e o corpo caiu no chão, o cabelo loiro quase marfim agora manchado de vermelho. O assassino contemplou sua face com nojo.
    Tocou a porta e ela se abriu. Estendeu sua mão. Lá dentro a menina de no máximo 14 anos  –  loira e angelical – encolhida sob a cama ainda chorava. Ela viu a faca com sangue e pensou em seu pai, sua mãe e seus irmãos, todos silenciosos. Agarrou então sua mão e ele a levou consigo para longe daquele pesadelo.
    Nunca mais pensou em seu pai, sua mãe ou seus irmãos, todos silenciosos.
    Todos cúmplices do seu acobertado inferno.
    Para sua benção, todos mortos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Rosália


— Milorde... A rainha... Ela se foi.
Eu não a amava. Eu AMO aquela mulher acima de tudo. Acima de meu reino, acima de minhas obrigações, acima de mim mesmo. No entanto... Ela morrera. Por um monstro. Por sua perdição. Pelo fim de todos nós. Por nossa desgraça e ruína.
— Traga-me a criança. Chame a parteira. E não fale com ninguém nem permita que o vejam ou entrem nos aposentos reais. Vá depressa.
O pagem saiu correndo e mergulhei no meu inferno. Eu tinha de pôr um fim nisso, agora! Tanto amei minha doce Rosália e só tive seu desprezo. Eu lhe dei o céu e ela me deu o inferno, e ainda a amo. Eis isso, ela teve um filho do homem contra quem tanto batalhamos, o homem que ela realmente amava. Mas eu poria um fim nisso pois uma criança sarracena não podia ser explicada num reino onde todos tinham a pele mais alva que a neve. O que aconteceria se as milhares de pessoas além daqueles muros se dessem conta de que a realeza é tão falha e sujeita a erros quanto eles?
Ouvi os passos e me virei. A parteira tinha nos braços um embrulho e um punhal estendidos para mim. Ela também sabia.
Peguei o punhal — era meu dever! —, aproximei-me — eu tinha de fazer! —, a mulher foi tirando os cobertores — Agora! — e então... Era a cópia perfeita de Rosália o que eu via! Seus cachos loiros, sua boca miúda, sua pele clara. E só UMA COISA a traía. Em choque tomei a criança nos braços e firme disse à mulher:
— Vá dizer a todos que o varão do rei finalmente nasceu!

"Em meio ao fogo da batalha ele o viu. Era ele, o filho do homem que matara a única mulher que amara! Em sua cólera abriu caminho entre os homens e jogou antes que pudesse reagir; era fácil distinguir a rica armadura de um príncipe dentre as demais. Ajoelhou-se pondo a espada em seu pescoço — queria encará-lo —, arrancou o elmo e estacou.
Mas era… Era…
O cabelo loiro… A pele cor de leite… Os traços finos… os olhos! os seus olhos! Exactamente os mesmos olhos negros! Era…
— Meu…
Um momento de hesitação, foi tudo o que o príncipe precisou. O golpe foi fatal.
O rei inimigo estava morto.
E a guerra acabada."