segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

[...]

    A vida é uma velha sádica, sarcástica e banguela.

[...]

    A verdade era que aquele idiota fazia falta.
    Não por qualquer motivo em especial… Apenas por ser aquele idiota.

É a vida.


    Ela já tivera vários relacionamentos; vários rolos, namorados, ficantes, companheiros, amizades coloridas… Enfim, vários homens. Todos eles lhe respeitaram, deram carinho, eram sensíveis e a compreendiam; nenhum deles resistira aos seus encatos, seus caprichos, seus beicinhos e seus muxoxos. Mandara e desmandara. Fizera gato e sapato. Fizera calar até o mais "intelectual"; fizera sussurrar até o mais insensível. Não tivera um que não cedesse às suas vontades. Mas nunca se apaixonara de verdade; jamais amara qualquer um deles. Eram apenas joguinhos, brincadeiras, que um dia ela perdia o interesse e partia sem mais nem menos "para outra". E não tardava a encontrar um outro; e esse pobre outro, como os demais, não resistia àquele corpo, àqueles sussurros, àqueles beicinhos e àquelas lágrimas. Ela não conseguia evitar; logo perdia o interesse. Todos eles era "perfeitos, mas sem sal". Ela não sabia explicar; eles apenas eram tão… Sem graça.

    Se apaixonou perdidamente pelo primeiro que a segurou pelo braço e disse "Chega. Cala boca e vai pegar minha cerveja".

     É a vida.

Numa tarde de outono [2]


    Bom, esse foi um trabalho feito para o colégio no ano passado… Nos foi dado um início e devíamos dar o desenrolar de um conto. Gostei tanto que acabei fazendo duas versões (essa é a segunda, gostei mais); só não postei antes pois achei que tinha perdido, hehe. ;P

  

    Numa tarde de outono, um jovem resolveu visitar sua namorada. Ao chegar à casa dela, descobre que a porta estava aberta. Estranhou, o resto da casa estava fechada e ela nunca esquecia nada aberto, ainda mais a porta! (morria de medo de assaltos) Nem pensou em ligar, estava só de passagem e não iria demorar mesmo. Virou-se para partir quando algo como um estalo em sua cabeça o fez parar.

    A rua estava deserta! (por que uma rua tão movimentada enexplicavelmente estava sem viva alma?) O dia estava nublado e frio, quase escuro e, mesmo assim, não havia nenhuma luz em nenhuma casa!

    Virou-se num sobressalto quando um carro passou ao longe (muito longe) e num impulso correu de volta à casa.

    Parou com a mão na maçaneta da porta.

    Estava entreaberta.

    Devia ter sido o vento.

    Não havia vento.

    Olhou para cima e viu uma luz bruxuleante no andar de cima; como a luz maliciosa de velas se insinuando pelas cortinas do quarto antes escuro (o quarto estava mesmo escuro ou ele não vira isso antes?). Sentiu um cubo de gelo descer até o estômago ao tentar respirar fundo.

    Percebeu que estava suando. E tremendo. O silêncio comprimia seus ouvidos. Sua cabeça começava a rodar. Sentia que ia gritar…

    Então escancarou a porta.

    E foi tudo muito rápido. Teve de relance o horror da consciência do que estava ocorrendo a sua volta. As velas, o circulo no chão com aquelas coisas, o cheiro no ar, de almíscar e… Algo mais. Mas logo em seguida tudo escureceu, antes que pudesse entender qualquer coisa. O grito silenciou-se em sua garganta.

    Um corpo caiu no chão, ao lado do primeiro. E a última vela se apagou.

    Nesse momento um trovão rasgou o céu e a chuva desabou.

    Um cachorro uivou ao longe. A dona de casa correu para recolher a roupa. Um carro virou a esquina. As luzes dos postes se acenderam. Uma criança começou a chorar.

    A casa permaneceu fechada. Os vizinhos achavam que a moça havia voltado para o interior e vendido a casa. Não havia animais lá; sem motivos aparentes nem gatos, nem cães, nem andarilhos, nem mesmo a hera invadia aquele terreno.

    Anos mais tarde uma jovem recebia a chave da belíssima casa que comprara de um simpático senhor que lembrava seu avô de tão idoso e frágil que aparentava ser.

    — Acho que é só, obrigada – disse ela com um sorriso.

    — Não há de que, disponha – respondeu ele com um sorriso e um brilho no olhar que ela infelizmente não percebeu.

    Ela não sabia o que lhe aconteceria.

    Meses mais tarde os vizinhos acharam que a casa havia sido novamente desocupada e vendida.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Numa tarde de outono [1]


    Bom, esse foi um trabalho feito para o colégio no ano passado… Nos foi dado um início e devíamos dar o desenrolar de um conto. Gostei tanto que acabei fazendo duas versões (essa é a primeira); só não postei antes pois achei que tinha perdido, hehe. ;P


 

    Numa tarde de outono, um jovem resolveu visitar sua namorada. Ao chegar à casa dela, descobre que a porta estava aberta. Estranhou, o resto da casa estava fechada e ela nunca esquecia nada aberto, ainda mais a porta (morria de medo de ladrões)! Nem pensou em ligar, estava só de passagem e não iria demorar mesmo. Virou-se para partir quando algo como um estalo em sua cabeça o fez parar.

    A rua estava deserta! – por que uma rua tão movimentada estava sem viva alma? – O dia estava nublado e frio, quase escuro e, mesmo assim, não hhavia nenhuma luz em nenhuma casa. Virou-se num sobressalto quando um carro passou ao longe (muito longe) e num impulso correu de volta à casa.

    Parou com a mão na maçaneta da porta.

    Estava entreaberta.

    Devia ter sido o vento.

    Não havia vento.

    Olhou para cima e viu a luz bruxuleante no andar de cima; como a luz maliciosa de velas se insinuando pelas cortinas do quarto antes escuro (o quarto estava mesmo escuro ou ele não vira isso antes?).

    Sentiu um cubo de gelo descer até o estômago ao tentar respirar fundo. Percebeu que estava suando… E tremendo… O silêncio comprimia seus ouvidos… Sentia que ia gritar…

    Escancarou a porta.

    A casa estava um breu. Arfando (sem saber porquê) tentou perguntar se havia alguém alí quando descobriu que a voz não lhe obedecia. Havia um ruído baixíssimo no ar, mas ele nem percebeu. O que o fez entrar ignorando sua vontade de sair correndo; e subir as escadas invejando as patas silenciosas de um gato, foi o cheiro.

    Um cheiro fortíssimo. Era como uma mistura de ervas desconhecidas (doces e enjoativas) e… Algo mais.

    Parou em frente a porta do quarto. Estava encostada e a única luz da casa escapava dançando por baixo dela; só então se deu conta da música. Era uma nota grave cantada ininterrupyamente (os monges cantavam coisas assim, não?)

    Com um toque suave empurrou a porta e ela se abriu.

    Sua respiração parou.

    Aleatoriamente constatou que o algo mais era sangue.

    Aquela cena não podia ser real! Devia estar sonhando! Devia…

    Não viu mais nada; um grito calou-se em sua garganta. O corpo caiu no chão ao lado do primeiro, apagando a última vela.

    Nesse momento um raio partiu o céu e a chuva desabou. A dona de casa saiu correndo para recolher a roupa; alguns carros viraram a esquina; uma mãe gritou para o filho entrar em casa; um cachorro uivou ao longe.

    A casa permaneceu fechada por anos. Ninguém sabia quem a havia comprado. E nem mesmo cachorros ou andarilhos se atreviam a cruzar aquele portões.

    Diziam que era mal assombrada.

Ela só queria ir pra casa…


    Ela já estava cansada de tudo isso, só queria ir pra casa.

    Pena que não sabia mais onde ficava.

    Certa vez lhe disseram que era onde estivesse seu coração; mas ela também não sabia mais onde estava. Olhou para trás; para sua vida. Procurou, desesperada, por algum lugar, algo, algum momento em que o tivesse perdido… Mas não conseguia sequer se lembrar dele.

    Uma imagem. Um menino, um garoto. Um rosto vago de uma criança de no máximo quatro anos que não lhe dizia nada lhe veio à mente. Sentiu vontade de chorar sem saber porquê; mas não lembrava como era chorar.

    Sentiu que a vida tinha algum sentido, alguma coisa que ela há muito perdera. Só não sabia o quê nem porquê.

    Suspirou. Ela já estava tão cansada de tudo isso… Mas isso o que, mesmo?

    Exausta, fechou os olhos. Bom, tanto fazia… Ela só queria ir pra casa.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

“Desligou o telefone. Deu uma risadinha Sacana.”


    — Oi amor! Que saudades!!! Nossa e como vai a viag… Heim? Ah… Ligou pra isso mesmo, é… O quê?! Poxa, mais uma semana?! …Seminário atrasou… Uhum, é… Aham, sei… Poxa, mas… Não, não! Não estou te cobrando, eu… Sim, amor! Eu sei, já me disseste como as reuniões são cansativas, sei que as negociações são difíceis, mas… Hm? …Não, não estou brava, só estou um pouco chateada. Estava te esperando ainda hoje, né. Mandei preparar um jantarzinho com aquel… Sim, amor, eu sei o que o quanto você destesta essas viagens, sempre tão cansativas, nunca têm hora pra terminar, e é compromisso atrás de compromisso… Heim? …Hm, eu sei… Nossa, pobre de você, querido, eles nunca têm dó… Uhum… Sei. Sim, eu sei. Não fica chateado, tudo bem, eu entendo… Ah, não, é que sempre fazem isso com você. Ano passado inteiro foi a mesma coisa: aquelas semanas em Angra… Nova York… Milão… Poxa, até pro interior da Inglaterra te mandaram e… Sim, eu sei, você já me explicou que esses empresários são meio exêntricos e só vão aonde querem, mas "Costão do Sauipe"?! Não tinha um lugar mais perto, não? …Ah, tudo bem, amor. Me traz uma lembrancinha? …hehe, "chapéu de palha", tu vais ver! Bobo… Sim… Eu sei… Também te amo amor… Sim, mas não esquece de ligar amanhã, tá? Estou com saudades… Sim, beijo… hehe, outro pra ti… Te amo… Xau.
    Desligou o telefone. Deu uma risadinha sacana.
    — Pode ficar. Meu marido não volta hoje.

[…]


    Ela queria fazer amor; ele só queria "dar uma trepada".